Para a Geografia, Capistrano foi o primeiro historiador brasileiro a se utilizar da geografia para tentar explicar o processo histórico do país. Para ele, o clima, o solo e a alimentação contribuem de maneira inigualável para a formação do homem e da sociedade. Ele nos conta que os primeiros séculos, existiram algumas cartas geográficas e roteiros que descrevem a costa brasileira. Que entre 1750 e 1777, chegaram aqui geógrafos, astronomos e naturalistas, embora seus escritos tenham sido restritamente divulgados. Já no século XIX, outros viajantes tentavam conhecer o Brasil e a partir da segunda década desse século, o governo já mandava fazer explorações, até que em 1860, uma comissão científica norte-americana visitou o Brasil. Por fim, Capistrano em 1884, sugere um trabalho de geografia brasileira (exploração de rios, do litoral, pontos do interior, a geografia botânica e zoológica, a geologia, a distribuição dos índios são mais bem conhecidas).
Seguidor fiel do Positivismo, foi influenciado por alguns cientistas estrangeiros como Spencer, Darwin, Comte, Taine e Buckle. Atuou como professor de francês e português no Colégio Aquino e trabalhou uma boa parte da sua vida na Biblioteca Nacional, mas começou a ficar famoso por protagonizar uma polêmica com o sergipano Silvio Romero.
E publicou artigos criticando um texto de Romero, intitulado “O caráter nacional e as origens do povo brasileiro”, de acordo com o qual o brasileiro seria distinto do português, não por causa da natureza ou da mistura com os indígenas, mas pela presença dos negros. E afirmou a importância do meio na formação da nacionalidade brasileira e ressaltando o papel do índio. Seu maior interesse foi acessar a história dos índios por meio do estudo linguístico. É a partir desse prisma que produz trabalhos nas áreas da linguistica e da etnografia. Por que para Capistrano explicar a formação da nacionalidade brasileira através de um espaço específico que é o sertão e estudar a fundo as tradições indígenas (línguas e costumes ) era fundamental para a compreensão das migrações populacionais e, por conseguinte, do povoamento do território, para pensar sobre o brasileiro e a formação da nacionalidade.
Conheceu o geográfo Teodoro Sampaio (1855-1937), autor de “O Tupi na geografia Nacional” (1901) e do “Dicionário Histórico, Geográfico e Etnográfico” (1922). É o mesmo geográfo que ajudou Euclides da Cunha com “Os Sertões”. E por curiosidade, elogiou o trabalho “Viagem pelo Brasil” escrito pelos alemães Spix e Martius, considerou como esplêndido. E mesmo não contribuindo muito no campo da geografia, ele é considerado como um grande erudito na área da história.
Referências Bibliográficas:
GONTIJO, Rebeca. “Capistrano de Abreu, Viajante”. Revista Brasileira de História; v.30; nº59; p.15-36 – 2010.
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