terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Trajetórias Intelectuais: o papel dos discursos geográficos acerca de uma inferioridade na República brasileira.

Entender o enredo que compõe as trajetórias intelectuais de pesquisadores brasileiros que com seus estudos e pesquisas biológicas, antropológicas e etnográficas constituíram um discurso geográfico no Brasil, em finais do século XIX e início o XX, é procurar compreender de uma construção de representações, prática e apropriação do espaço que influenciaram a divulgação científica.
Pensar os sujeitos e suas práticas nos espaços de sociabilidades da cidade é procurar problematizar as interferências e conexões existentes em relação à construção de um papel social (um projeto ideológico de autoridade das elites do país) da transformação do estigma cidade colonial em cidade moderna, uma cidade do progresso científico a forjar um novo homem e uma nova concepção de cidade.
A criação de instituições científicas expressou a valorização da ciência e do cientista como lugar de produção e divulgação de experiências científicas, para explicar a evolução do homem primitivo, sua morfologia e seus aspectos anatômicos em sintonia com o meio. Por isso, alguns intelectuais, cada um no seu tempo, vão sintetizar a construção de uma inspiração cientifica compromissada, respectivamente, em gerar um pensamento social brasileiro que descortina o debate em torno da raça, da miscigenação e da cultura como fatores de formação social de uma nação brasileira.
Neste aspecto, novas matrizes de idéias vindas da Europa começaram a impregnar a vida intelectual brasileira e constituiriam projeto que tinha por lógica viajar, pesquisar, classificar, organizar a sociedade entre os civilizados e os selvagens. Era uma ciência calcada na evidência empírica, na observação e nos experimentos que tentaram criar uma tipologia de enquadramento das raças ditas inferiores do Brasil com objetivos de transformar os indivíduos em cidadãos.
Isso nos leva a reafirmar que essas ideias se sustentaram fortemente e originaram uma geração de intelectuais que educaram o olhar para interpretar os trópicos, a cidade e seus habitantes. Através dessas práticas e os discursos não se limitaram somente à compreensão e interpretação do nativo, do selvagem, mas diante de um mundo dominado pelo progresso, serviu para construir um discurso nacionalista e eugenista que colaborava com um interesse de certas hegemonias de integração ao projeto de nacionalidade defendido por muitos intelectuais na época: solucionar o problema da identidade nacional incentivando o branqueamento da população brasileira. Por que eles achavam que isso iria dá certo?!

Um comentário:

  1. Ótima apresentação, e professores da Escola Politécnica da USP estão sendo notificados a visitarem o Blog.

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